sábado, fevereiro 25, 2012

Tai Chi Chuan controla perda de memória

Praticar tai chi chuan, arte marcial chinesa de grande popularidade no Brasil, pode prevenir o surgimento de problemas cognitivos sérios em idosos. Essa é a conclusão de pesquisadores da área de Geriatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP), que estudam como a modalidade consegue desacelerar o declínio da memória.
O estudo, feito no Ambulatório de Memória do Idoso do Serviço de Geriatria do HC, acompanhou 26 idosas com comprometimento cognitivo leve durante um período inicial de seis meses. Enquanto metade do grupo praticou a arte marcial duas vezes por semana, em sessões de 60 minutos, a outra metade só recebeu acompanhamento médico, com periodicidade semanal.
As funções cognitivas de memória, atenção, coordenação, planejamento e aprendizado foram medidas nos dois grupos – com avaliações feitas no início do estudo, aos três meses e aos seis meses. Os resultados mostram que, já nos primeiros três meses, as idosas que praticaram tai chi tiveram menos queixas de memória em relação ao outro grupo. Além disso, a capacidade de aprendizado das praticantes também aumentou em relação às outras voluntárias.
Uma das autoras do estudo, a médica geriatra Juliana Yumi Tizon Kasai, afirma que a importância da pesquisa está em analisar justamente os pacientes com comprometimento cognitivo leve, para os quais ainda não existem remédios eficazes que consigam impedir a evolução do quadro para doenças graves. “Os problemas de memória deixam esses idosos bastante preocupados e atrapalham o dia a dia deles. Mas, para esses casos, o medicamento não tem benefício algum”, esclarece a médica.
Juliana afirma que os idosos com falhas leves de memória, que ainda não chegam a caracterizar um quadro de demência, precisam ser acompanhados de perto pelos médicos e especialistas, pois eles têm mais fatores de risco para o desenvolvimento do mal de Alzheimer – o tipo de demência mais comum entre os brasileiros na terceira idade.
O mecanismo pelo qual o tai chi chuan consegue desacelerar o declínio da memória ainda precisará ser alvo de novas investigações, de acordo com Juliana. “Ninguém sabe muito bem por que a atividade tem esse efeito. O que sabemos até agora é que ela promove uma melhora da circulação, da respiração e também da coordenação motora”, afirma a geriatra.
Atividade complexa – Outra característica da prática oriental que pode contribuir para a saúde neurológica é que seus praticantes são levados a memorizar os nomes das posturas e a sequência em que devem praticá-las. “No tai chi chuan é preciso prestar muita atenção o tempo todo para conseguir lembrar o nome da postura, respirar direito, colocar o pé na posição correta”, exemplifica Juliana.
De acordo com o professor de educação física Edgar Koji Karasawa, da Sociedade Brasileira de Tai Chi Chuan e Cultura Oriental (SBTCC), as aulas começam com exercícios que ensinam a execução dos movimentos e seus nomes. Depois de algumas repetições, os praticantes realizam uma sequência de seis movimentos. Karasawa orienta o grupo que faz parte da pesquisa do Hospital das Clínicas e conta que os alunos também recebem apostilas com exercícios para que estudem e treinem em casa.
Na opinião dos idosos, os benefícios trazidos pelo tai chi chuan são evidentes. A aposentada Maria Socorro, de 75 anos, pratica a arte marcial há dois anos e garante que, logo após as primeiras aulas, já percebeu uma melhora significativa nas dores reumáticas que sentia.
 Quanto à memória, Maria Socorro conta que o declínio estacionou. Com isso, ela já não sofre com situações constrangedoras que a incomodavam bastante no passado. “Esquecer o nome de alguém em uma reunião ou esquecer o que eu pretendia comprar no mercado são problemas chatos que se tornaram muito menos frequentes”, comemora a aposentada.

Fonte: MARIANA LENHARO
http://blogs.estadao.com.br/jt-cidades/tai-chi-chuan-controla-perda-de-memoria/

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